publicado em 16/10/2014
MIS é reformulado e passa a se chamar MAIS+, Movimento de Acessibilidade e Internet Segura
Fundado em 2004 com o objetivo de orientar e capacitar pessoas e organizações para a prática segura de negócios no ambiente on-line, o Movimento Internet Segura (MIS) da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico foi repaginado recentemente para incorporar mais um importante tema na sua lista de atuação: a acessibilidade.
Para coordenar as atividades do MAIS+, a camara-e.net convidou um dos fundadores da entidade, Cid Torquato, que hoje atua como secretário adjunto na Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo. Durante a assembleia geral da camara-e.net, realizada no dia 9 de setembro, Torquato apresentou os objetivos do MAIS+.
Segundo ele, a acessibilidade digital é a ferramenta fundamental para que a Internet possa ser utilizada por todos os usuários, inclusive aqueles que possuem algum tipo de deficiência. No Brasil, esse público corresponde a cerca de 45 milhões de pessoas, aproximadamente 24% da população, de acordo com dados do IBGE (Censo 2010).
Com o crescimento do comércio eletrônico e a quantidade de pessoas com deficiência no País (aproximadamente 24% da população), a proposta do MAIS+ vem atender uma necessidade atual e precisa do apoio das empresas que atuam na Internet para crescer e ganhar força.
“Este projeto surgiu a partir de demandas apresentadas pelo Ministério Público, tanto federal quanto estadual, referentes à falta de acessibilidade digital em sites comerciais, o que impede o pleno acesso das pessoas com deficiência, principalmente visual, aos serviços e produtos oferecidos no ambiente Web”, explica o consultor do MAIS+, Cid Torquato.
Cid Torquato durante apresentação do MAIS+ na assembleia geral da camara-e.net
Na entrevista a seguir, o consultor do MAIS+ comenta quais são os projetos para essa nova fase do Comitê e a relação entre acessibilidade e comércio eletrônico.
Camara-e.net: O senhor foi idealizador e um dos fundadores da camara-e.net em 2001. Como analisa a evolução do comércio eletrônico desde então?
Cid Torquato: O aperfeiçoamento do ambiente on-line, as novas plataformas e ferramentas possibilitaram uma revolução na utilização da Internet, fazendo com que o fluxo de informações aumentasse exponencialmente, bem como a quantidade e variedade de produtos e serviços disponibilizados. Assim, atualmente, muitas de nossas tarefas do dia a dia são realizadas ou, de alguma forma, facilitadas pelo uso da Internet. Nesse contexto, o comércio eletrônico apresenta números cada vez maiores, com cada vez mais empresas ofertando e mais serviços sendo migrados para o mundo virtual.
Camara-e.net: Como o comitê pretende trabalhar os temas acessibilidade e internet segura?
Cid Torquato: Pretendemos agir em diferentes frentes, ampliando o canal junto ao mercado de comércio on-line, sensibilizando empresários, gestores e desenvolvedores sobre a importância da adoção dos protocolos e normas de acessibilidade digital nos sites de suas empresas/instituições; estimular a adoção de certificados digitais, como recurso de acessibilidade, praticidade e segurança; monitorar os principais sites de comércio eletrônico, acompanhando os esforços das empresas para adequação de seus conteúdos on-line; e fazer a interlocução com Ministério Público para endereçamento das principais demandas referentes à acessibilidade digital, tanto em sites privados como públicos.
Camara-e.net: Quais são as vantagens para as empresas do comércio eletrônico em implementar ferramentas e softwares de acessibilidade em seus produtos, serviços e sites?
Cid Torquato: Uma das vantagens é a adoção dos critérios e padrões de acessibilidade, além de permitir a ampliação do público-alvo da empresa. Ao disponibilizar conteúdos plenamente acessíveis e navegáveis para as pessoas com deficiência, a empresa possibilita uma otimização de seu uso pelos atuais clientes, visto que essas adaptações podem tornar o site mais prático, aperfeiçoando sua usabilidade.
Camara-e.net: E quais são os desafios?
Cid Torquato: Podemos citar a mudança de atitude de empresários e desenvolvedores, no sentido de sensibilizá-los sobre a necessidade e vantagens da acessibilidade digital. É preciso quebrar o paradigma de que um site bom é um site com uma identidade visual bem elaborada ou com recursos complexos. O fundamental é pensar primeiro em sua acessibilidade, bem como em sua usabilidade, que serão os fatores determinantes para a compra e/ou utilização de seus serviços.
Camara-e.net: Mas o que é exatamente tornar um site ou uma loja virtual acessível?
Cid Torquato: É seguir diretrizes de “arquitetura” de construção que estejam alinhadas com protocolos de acessibilidade, os quais indicam como textos, imagens/figuras, vídeos e demais conteúdos devem ser elaborados e apresentados para que, com o uso de software ou recurso de acessibilidade – como, por exemplo, um software leitor de tela – a informação ali demonstrada possa ser assimilada pelo internauta.
Camara-e.net: Então, acessibilidade digital está relacionada à tecnologia?
Cid Torquato: Na realidade, acessibilidade na Internet vai além, pois também engloba o desenvolvimento de interfaces e conteúdos mais intuitivos, de fácil navegação e que permitam praticidade na hora da obtenção de informação ou realização de uma operação. Desta forma, esse conjunto de cuidados ao se desenvolver um site tem a capacidade de beneficiar não somente às pessoas com deficiência, mas, também, idosos, pessoas em situação de restrição temporária (ex. braço quebrado), aqueles que possuem conexão lenta, resumindo, a toda a população.
Camara-e.net: Como está o cenário da acessibilidade no comércio eletrônico brasileiro?
Cid Torquato: As principais lojas já dispõem de recursos de acessibilidade. Na maioria dos casos, devem apenas aprimorá-los, para se adequarem totalmente às normas atuais. Ou seja, nosso desafio não é complexo, principalmente tendo em vista que as empresas têm consciência da importância do trabalho que estamos realizando.
Camara-e.net: O comércio eletrônico é dividido em diversas áreas, como plataformas, varejo, meios de pagamento, certificação digital, entre outras. Quais dessas verticais devem se preocupar com a acessibilidade e por quê?
Cid Torquato: Todas as verticais mencionadas, por questões de responsabilidade social, de ampliação das possibilidades comerciais e, com certeza, para cumprir a lei, que exige uma internet acessível, para todos.
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