Consumidores brasileiros usaram a internet para compras no ano passado. O número representa um salto de 36,75% em relação aos 23,4 milhões de brasileiros que, em 2010, preferiram adquirir bens em lojas virtuais. Também chamado de e-commerce, somente em 2011 o setor movimentou R$ 18,7 bilhões. Segundo o último levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 19% dos internautas brasileiros utilizam os serviços da venda online. O professor uberlandense Carlos Henrique Santini é um exemplo dessa predileção pela compra via internet. “Na internet, encontro mercadorias originais e de qualidade, com valores que representam até a metade do preço”, disse Santini, que há cinco anos faz compras on-line e afirma nunca ter tido problemas com as encomendas feitas às empresas que praticam o e-commerce.
Carlos Santini afirma ainda que o comércio eletrônico representa mais do que a comodidade na hora da compra. “É muito fácil ir às lojas ou ao shopping. Por isso, considero que a compra pela internet é mais atrativa pelos melhores preços.”
O estudo do Ipea traçou o perfil do comércio eletrônico brasileiro, com dados da Pesquisa Anual de Comércio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo a pesquisa, as compras online são feitas, em sua maioria, por homens que possuem ensino superior, recebem salários mensais até R$ 4.150. Ainda de acordo com o IBGE e o Ipea, os internautas utilizam os computadores de casa ou do trabalho para realizarem suas compras. Outro dado da pesquisa mostra que a classe C, formada por consumidores que ganham entre R$ 1.245 e R$ 4.150 por mês, é a responsável por impulsionar o e-commerce no país. Estima-se que 61% dos consumidores virtuais estão na classe C.
Para o economista Renan Abella Würfel, existe a tendência de que os números de consumidores virtuais aumentem em todas as classes, à medida que o governo brasileiro facilite o acesso ao crédito. “O Brasil está passando por um momento único na sua história, com queda agressiva das taxas de juros em todos os bancos. O objetivo direto dessa política é o incentivo ao investimento e consumo”, disse.
Renan Würfel avalia que a expansão do e-commerce será contínua. “Melhores condições financeiras fazem com que o brasileiro busque o consumo nos mais variados tipos de comércio existentes.”
Seminário orienta comerciantes
Na última quinta-feira (26/04), a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Câmara-e.net) realizou em Uberlândia um seminário sobre comércio eletrônico para orientar micros e pequenos empresários da cidade a desenvolverem negócios na internet. Durante o seminário, foram abordados temas como: plataformas e ferramentas para lojas virtuais e vendas pela internet, logística, meios de pagamento da internet, redes sociais e webmarketing.
A Câmara-e.net pretende realizar seminários sobre comércio eletrônico em mais 20 cidades brasileiras até novembro. Empreendedores do comércio online das capitais São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro já participaram de seminários da Câmara-e.net no primeiro quadrimestre deste ano.
Transação fica mais em conta
O IBGE e o Ipea constataram, no entanto, que o crescimento do comércio eletrônico nos últimos anos não significou aumento nas empresas que fazem vendas online. De 2003 a 2008, passou de 1.305 para 4.818 o número de varejistas virtuais. Porém, esse número representa 0,4% do total de empresas do setor presentes no comércio online.
Para os especialistas, o comércio eletrônico propicia a redução de custos da transação, mas leva as empresas a reorganizarem a quantidade de mercadorias, a tecnologia de informação e a logística de vendas.
Advogada indica sites populares
A advogada Maria Gabriele afirma que, ao efetuar uma compra pela internet, todo consumidor deve verificar se o site é seguro. “É difícil reconhecer essa garantia. Então, indico a compra apenas nos sites mais conhecidos, mais divulgados, com sistemas de pagamento e de controle de envio do produto seguro e idôneo”, disse.
Para a advogada, na hora de comprar algum produto ou serviço pela internet, sempre deve valer a dica de um amigo e de alguém que teve êxito na compra. “Na hora do pagamento, o consumidor deve ter muito cuidado com depósitos, transferências para pessoas físicas, pois se o produto não chegar, este dinheiro entregue pode ser entendido como doação. Em relação a pessoas jurídicas (empresas), verifique se elas realmente existem e se tem cadastro na Receita Federal.”
Nem sempre a compra eletrônica satisfaz o cliente. O consumidor acaba endividado com a compra de um produto que sequer chega ao destino. “Como a pessoa não pega, experimenta, vê realmente a cor do que quer, pode ter surpresas quando a compra chegar, o sapato pode ser maior, a blusa menor, a mesa pode ser de um tom de cor que não agrada, existindo até a possibilidade de receber uma coisa totalmente diferente do que se pediu”, afirmou Maria Gabriele.
Fonte: Correio de Uberlândia