O crescimento médio previsto para o comércio eletrônico no mundo no período de 2010 a 2013 deverá ser de 19,4% ao ano, fazendo com que, dos estimados US$ 572 bilhões em 2010, possa superar US$ 1 trilhão em 2014, segundo dados de um estudo feito pelo JP Morgan. Esse crescimento deverá ser composto de forma diversa em relação às regiões do mundo, com apenas 12,4% nos EUA e 13,2% na Europa, sendo os maiores mercados em expansão a Ásia, com 27,5%; e as demais regiões, com 29,2%. O crescimento no Brasil, para efeito de comparação, medido pelos dados do relatório Webshoppers, produzido pelo Ebit, foi de 40% em 2010 em relação a 2009, tendo alcançado um faturamento de R$ 14,8 bilhões. O estudo sobre o Neoconsumidor, aquele que é global, multicanal e digital, feito pela GS&MD – Gouvêa de Souza, indica que, dentre os novos consumidores globais, o brasileiro é particularmente impactado pelas mídias digitais e demonstra particular propensão à experimentação e uso. E o cenário econômico positivo favorece ainda mais essa disposição. Tem ocorrido uma aceleração do crescimento do comércio eletrônico, estimando-se que, no mundo, possa alcançar US$ 680,6 bilhões em 2011, mais do que duplicando o valor em relação aos US$ 273,05 bilhões de cinco anos atrás. Nesse mesmo período, nos Estados Unidos, o número de compradores online cresceu de 130 milhões em 2006 para estimados 176 milhões em 2011, sinalizando um menor aumento da base de compradores, porém com aumento da compra média por transação e por comprador. No mesmo período, o faturamento do e-commerce deverá evoluir de US$ 126 bilhões em 2006 para os estimados US$ 204 bilhões. E todo esse processo pode sofrer ainda um novo ciclo de aceleração, à medida que o acesso à internet para compras se torne mais usual pelo uso da mobilidade. Em especial num mercado como o brasileiro, onde muitas residências possuem apenas telefones celulares e não telefones fixos, estimulando um uso mais intenso do celular para navegação em ambiente móvel. No Brasil, o fato de que algumas das principais marcas varejistas do mercado, como Casas Bahia, Walmart e Carrefour, só vieram a operar no ambiente de comércio eletrônico mais recentemente, trouxe uma aceleração do crescimento da base de clientes em conjunto com a compra média, à medida que as experiências positivas de compra reforçam um comportamento mais habitual de uso da internet para compras de produtos e, principalmente, de serviços. O fato de que no país há uma densidade menor de lojas por habitante, quando comparado com mercados mais maduros, como EUA e Europa, deverá trazer um forte estímulo para a continuidade do crescimento das vendas pela internet em percentuais superiores às médias mundiais. Na realidade brasileira, ainda pelo estudo Webshoppers, o número de e-consumidores alcançou 23 milhões em 2010, contra 17,6 milhões em 2009, com 5,4 milhões de novos e-consumidores sendo acrescidos ao mercado total. Esse movimento foi favorecido pelas novas modalidades de comércio eletrônico, em especial pelas Compras Coletivas e Clubes de Compra; e pela crescente participação da classe C, que avançou de 36% do mercado em 2006 para 53% em 2010. No Brasil as datas sazonais, tais como Natal, Dia das Mães e Dia dos Pais, têm sido os momentos nos quais a experimentação é mais forte, puxando o tíquete médio anual para R$ 373, sendo que às vésperas do Dia dos Namorados essa compra média é maior entre as datas promocionais, alcançando os R$ 400. É importante notar que a crescente presença da indústria atuando diretamente no relacionamento comercial com o consumidor final, em especial via internet, é um fator de expansão de hábitos, tanto no mercado global como no Brasil, já que a abertura de novos canais de compras e relacionamento por parte da indústria fornecedora é mais um elemento a criar opções e oportunidades para a experimentação dos e-consumidores. A expansão do comércio eletrônico, via internet pura ou através da mobilidade, será nos próximos anos o canal com maior crescimento no varejo de produtos e serviços e a curva de experiência dos consumidores estimula a evolução do volume de negócios, do tíquete médio e da frequência de acesso. Os números do comércio eletrônico mundial e do Brasil serão o mais forte estímulo para que varejistas e fornecedores de produtos e serviços devotem crescente atenção ao canal na criação de um novo universo de experiências e relacionamentos em ambiente digital. Autor: Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br), diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza Fonte: GS&MD