Faturamento e projeções de consumo crescem no País com a nova realidade econômica Já houve época em que se acreditava que livro era artigo para poucos no Brasil. Hoje, embora o consumo ainda esteja abaixo do padrão europeu, é sabido que esse mercado tem bom potencial de crescimento. Pesquisa do Ibope Inteligência aponta que o faturamento neste ano deverá chegar a R$ 12,5 bilhões no comércio de livros e material escolar no País, dos quais R$ 7,1 bilhões referem-se a livros e publicações impressas em geral. Prova de que 2011 promete ser um bom ano para o mercado está no relatório recente de um dos players do setor, com números relativos ao primeiro trimestre. A Saraiva reporta ter alcançado receita líquida de R$ 493,6 milhões nos primeiros três meses do ano. É um montante de 13,3% superior ao registrado no mesmo período em 2010. Desse total, 76% se referem ao movimento da livraria – os outros 24% foram contabilizados pela editora. O momento de alta que vive o segmento de livros encontra respaldo em dois fatores importantes: o aumento da renda e do emprego e o maior investimento em educação. “São dois vetores de crescimento para o mercado. E os dois vão bem”, diz Marcílio D’Amico Pousada, diretor-presidente da Saraiva. De fato, o livros se tornou um item importante no consumo de cultura do brasileiro, com presença crescente da classe C. E-commerce Uma das formas de elevar essa performance é o consumo de livros pelo e-commerce. No caso da Saraiva, a implantação de venda pela web, em 1998, é o segundo momento mais importante na história da empresa (o primeiro foi o advento da megastore, em 1996, e o terceiro foi a compra da Siciliano, em 2008). “Somos o maior vendedor de livros pela internet do Brasil, assegura o diretor-presidente. Se nos Estados Unidos o fechamento de lojas de nomes como Barnes&Nobles e Bordes surpreende, por aqui vai bem a coexistência entre as vendas físicas e as feitas pelo meio digital, ainda que a tendência seja o fortalecimento do modelo pontocom. Ao menos, é o que a Saraiva sustenta. A empresa tem 99 lojas, sendo 50 megastores. “No primeiro trimestre, a gente cresceu 16% nas lojas físicas e 23% na pontocom. A participação da segunda é 38% no nosso negócio. Não pensamos se um irá substituir o outro, mas a pontocom será a principal área de relacionamento com o cliente”, explica Pousada. Para Karine Pansa, presidente da CBL, mesmo com o interesse crescente pelos formatos digitais – intensificados especialmente pelas vendas de tablets –, as vendas de livros de papel não estão ameaçadas. “O segmento é ainda incipiente. Não há um modelo de negócios para a nova tecnologia no mercado brasileiro, como acontece nos Estados Unidos. Mas o livro impresso continuará existindo; ele é muito arraigado em nossa cultura. O que acontecerá em breve será uma convivência harmoniosa envolvendo os livros tradicionais e os digitais”, avalia Karine. Roberto Feith, da editora Objetiva e representante da Distribuidora de Livros Digitais, associação de editoras paras as versões eletrônicas, diz que empresas lançada no início do mês, opera hoje com cerca de 500 títulos. A meta é ter até dezembro mil títulos na prateleira virtual. “Os números ainda são pequenos e a demanda por digitais, idem. Ma acreditamos que isso deva mudar no final deste ano, quando prevemos o início de uma curva mais acelerada de expansão.” Tablets Ter um acervo maior impulsionaria o consumo dos livros digitais. Um dos representantes fortes nessa área é a Livraria Cultura, que desde dezembro tem um aplicativo embarcado no tablet das Samsung, o Galaxy. Atualmente, a empresa dispõe de 2,2 mil títulos nacionais e 140 mil estrangeiros. Parte desses e-books é vendido por meio do Blue Fire, que fornece produtos para iPhone ou outros e-readres com o sitema Android. Nesta semana, a Cultura deverá colocar no ar o seu aplicativo para iPad. “Queremos chegar a cinco mil títulos até o final do ano”, antecipa Mauro Widman, coordenador da equipe de e-books da Livraria Cultura. Ele conta que mensalmente novas obras estão surgindo digitalizadas pelas editoras. Esses livros, que também podem ser baixados para computadores, representam pouco dentro do faturamento, não atingindo 1% do montante movimentado por toda a livraria. A expectativa é que em 2013, porém, o share alcance 5%. “Isso representaria R$ 15 milhões por ano”, diz Widman. O entrave maior para esses planos é o preço dos tablets. Caso o governo federal viabilize a redução de impostos, o mercado poderá comemorar. Fonte: Revista Meio & Mensagem – SP – 23/5/2011