Mesmo com as operações de e-commerce consolidadas no país, a maioria dos brasileiros prefere comprar roupas no comércio tradicional. As justificativas: dificuldade de escolher o tamanho, sentir o caimento da roupa e ter a certeza de que não gastar com algo que ficará no armário. As empresárias Mariana Medeiros, Rosana Saigh, e Isabel Humberg sabiam o tamanho do desafio quando, em 2009, decidiram colocar no ar o site OQVestir, um dos primeiros na categoria a oferecer vários modelos com uma consultoria de moda.
São 4.000 itens à disposição, de 70 marcas, novidades diárias e um controle rígido de estoque que, a cada três minutos, conversa com a loja. Assim, o OQVestir só vende o que tem à disposição no depósito. O site registra 3 milhões de page views por mês, tem 15 mil clientes cadastrados e foi classificado em 2010 como uma das dez empresas start ups mais promissoras do mercado brasileiro. Esse desempenho fez a companhia receber, em janeiro, um aporte do fundo Tigger, que se tornou sócio.
Fernando Coutinho, diretor de novos negócios da Internet Innovation, especializada em e-commerce, lembra que a taxa de falência do comércio eletrônico no primeiro ano é de 55%. “Não é para amador. Tem muita concorrência”. Segundo o consultor, além do investimento na tecnologia, é preciso oferecer canais de comunicação com o cliente, abusar das informações na descrição dos produtos e investir em vídeos e fotos de qualidade.
“O cliente do e-commerce não quer perder tempo com animações, quer agilidade na hora de buscar os produtos e facilidade na compra. Quanto menos cliques, melhor”, afirma Peter Gaul, da ODesign, agência carioca de inovação e design. A tendência é de lojas virtuais e marcas partirem para a criação de fun pages no Facebook, com aplicativos de venda, para se diferenciar.
Quem já apostou na nova tendência foi a grife carioca Dress, criada em 2004 e que colocou os pés no e-commerce há menos de um ano, com resultados surpreendentes. “Nossa loja virtual já registra, sem nenhum tipo de publicidade, 2 milhões de page views mensais e processa uma média de 1.500 vendas por mês”, afirma o sócio Rodrigo Braga. A fun page da marca tem 15 mil admiradores que desfrutam de promoções exclusivas por períodos de um a três dias. Quinzenalmente, a Dress fotografa modelos que podem ser adquiridos apenas por esse canal. “Esse ano, as vendas virtuais devem movimentar R$ 4 milhões, o equivalente a 3% do negócio da rede, que tem 61 lojas físicas”, diz Braga.
Voltada ao público infantil, a loja A Casa Azul e A Casa Rosa, aberta em julho de 2010, em São Paulo, não inaugurou sua fun page no Facebook, mas fez o que os consultores recomendam: criou um site limpo, sem muitos banners, rico em informação de produtos e na qualidade das imagens.
Já a B-Side, especializada em produtos de maquiagem de origem alemã, investiu em uma loja virtual própria dois anos depois de abrir as portas. “São os mesmos produtos, na mesma faixa de preço. O diferencial fica por conta de promoções exclusivas, como o curso de maquiagem on-line”, declara a empreendedora Paula Navajas. A expectativa é de a loja virtual engordar o faturamento de 2011 em cerca de 10%, com uma receita média mensal de R$ 40 mil.
Fonte: Valor Econômico