Jovens estão com tudo na web. Nasceram praticamente com a rede, sentem-se confortáveis em lidar com novas tecnologias, são antenados e respondem por boa parte das vendas feitas na internet. Segundo estudo realizado recentemente pela consultoria Gouvêa de Souza em 15 países, incluindo o Brasil, pessoas de 16 a 29 anos são responsáveis por 39% das compras online. Empresas do e-commerce brasileiro perceberam que o segmento é promissor e apostam alto para dominá-lo, embora saibam que a tarefa é para poucos. “Além de exigentes, consumidores até a faixa dos 30 encaram a compra virtual de uma forma completamente distinta de outras idades. Ávidos pelo que há de novo, eles acompanham tendências, levam em conta a opinião de outros internautas antes de optar pelo produto ou serviço e buscam comodidade e experiência prazerosa”, afirma Maurício Salvador, diretor da consultoria GS Ecommerce. Segundo Salvador, eles são impacientes e prezam pela transparência. “Querem tudo para ontem e a empresa precisa atender todas as expectativas geradas. Não dá, por exemplo, para prometer a entrega em um dia e atrasar uma semana. Ou criar uma página com o layout lindo, mas o produto deixar a desejar. Agradá-los está nos detalhes e no comprometimento.” Carla Mayumi, sócia da Box1824, agência de pesquisa especializada em tendências de consumo e comportamento jovem, afirma que para este público a compra está intrinsicamente ligada ao consumo de conteúdo. “Antes de comprar, o jovem quer saber as especificações de uma TV, ou comparar preços de um game ou descobrir a marca do sapato que a cantora X está usando em um videoclipe. Um aplicativo europeu chamado SongKick desempenha muito bem o papel de unir comércio e conteúdo. Por ele, é possível seguir bandas de música e descobrir quando elas estarão em turnê nas cidades cadastradas no seu perfil. Quando o usuário clica no show da banda, automaticamente ele é direcionado para alguns sites que vendem ingresso para aquela apresentação”, afirma Carla. Facilitar a troca de ideias entre moças apaixonadas por moda era o principal objetivo dos empresários Flávio Pripas, 34 anos, e Renato Steinberg, 35 anos, quando montaram em 2008 a rede social ByMK. “A empresa surgiu como brincadeira. Nossas esposas são apaixonadas por moda e sentiam falta de um lugar onde pudessem conversar sobre o tema. Então montamos a página para elas. O intuito era que a usuária, 96% do público, pudesse criar e postar looks, pedir a opinião de outros internautas, falar sobre últimas tendências e compartilhar novidades. No início nós nem sabíamos como iríamos ganhar dinheiro, mas ao perceber que o número de pessoas cadastradas aumentava a cada semana, vimos que estávamos no caminho certo”, diz Pripas. A virada aconteceu quando foram procurados pela Renner para parceria em promoção do dia das mães. Os participantes deviam entrar na rede social e criar um look com a coleção da loja. Os mais votados ganhavam um cartão presente. “O sucesso foi tanto que em uma semana foram criados 1264 looks. O cliente não ficou passivo. Interagiu com o produto e participou da proposta porque ela tinha tudo a ver com a maneira como eles usam a internet.” Recentemente, os sócios resolveram trocar o nome do negócio para FashionMe. A mudança faz parte da estratégia de posicionamento no exterior. A receita do negócio vem de contratos publicitários e parcerias com empresas do segmento. O site recebe 700 mil visitas por mês. Marcus Andrade, 28 anos, também apostou no compartilhamento de informação entre internautas para criar, em 2009, junto com o sócio Paulo Veras, 39 anos, o Guidu. O guia de entretenimento não só indica opções de diversão como permite ao usuário fazer críticas sobre bares, restaurantes e baladas. “A opinião de pessoas comuns nunca foi tão valorizada”, diz Andrade. Segundo ele, o jovem é imediatista e prático. Esse comportamento faz com que busque ferramentas que facilitem seu dia a dia. O site deve fechar 2011 com um faturamento de R$ 500 mil e está presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Uberlândia. A meta é atuar em dez cidades até o fim de 2012. Acostumados a se expressar a todo instante, a melhor maneira de manter a comunicação eficiente com este público é através das redes sociais. No último três meses, o Facebook cresceu 335% no país. No entanto, é importante tomar cuidado para não bombardear a clientela somente com produtos. “Facebook, Orkut e Twitter devem ser usados para estreitar laços com o consumidor e saber como pensam e o que querem. A moçada adora promoção cultural, vídeos engraçados para compartilhar com os amigos e textos curtos. Por isso, não adianta ter a página e permanecer na mesmice. É preciso estar constantemente atento ao novo. Caso contrário, eles perdem o interesse pela marca”, afirma Rafael Lamardo, professos do Núcleo de Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Pensando em aliar praticidade e diversão, Eduardo Almeida, 41 anos, criou no começo deste ano o Peela, cartão pré-pago recarregável para a compra de jogos, música, filmes, livros, revistas, filmes e ingressos. “O propósito é inserir no e-commerce jovens que querem comprar e não têm cartão de crédito ou não gostam do sistema de boleto. O serviço é versátil. O usuário pode abrir uma conta virtual no site, depositar créditos e em seguida usá-los na Peela Shop, nossa loja virtual. Ele pode também, adquirir o cartão nas lojas credenciadas, carregar e depois comprar no site. Até o final de 2012 pretendemos estar em mil pontos de vendas”, afirma o empreendedor. Fonte: Valor Econômico