Em um mercado cada vez mais disputado – e dominado por gigantes como Submarino e Amazon -, o empreendedor que pretende se aventurar no e-commerce precisa pensar fora da caixa. Segundo especialistas que participaram ontem de um painel dedicado ao assunto na feira de tecnologia Campus Party, as oportunidades hoje estão restritas a lojas de nicho. Segundo João Ramirez, um dos fundadores do site de compras coletivas ClickOn, o mercado atual está de olho em ofertas específicas: “Se você for um especialista, o consumidor vai preferir falar com você a falar com aquele grande varejista.” Uma estratégia interessante, segundo Ramirez, é apostar em segmentos que dificilmente serão explorados por varejistas maiores. Um site que venda anzóis e acessórios para pescaria – e mostre real conhecimento do assunto – pode ser visto por pescadores como um lugar mais adequado para fazer a compra. É preciso também fugir dos segmentos já trabalhados dentro dos grandes sites, segundo os palestrantes – até porque vai ser difícil concorrer no quesito preço. “Talvez, com uma loja virtual de trenzinhos elétricos, (o empreendedor) pode ser mais bem-sucedido, pois você vai estar falando com um público de 10 mil pessoas que realmente gostam daquilo”, explica Ramirez. Além de escolher um nicho, é preciso pensar no dia a dia do negócio, como a logística. O dono da loja virtual terá de estar pronto para lidar com devoluções de compras entregues a milhares de quilômetros de distância. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) dá ao cliente o direito de se arrepender da compra e pedir o dinheiro de volta em até sete dias a partir da entrega do produto. Nessa situação, o empresário paga para levar o produto até Salvador e para trazê-lo de volta. Para o diretor da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara e-net), Gerson Rolim, se o índice de devolução da loja estiver acima de 5% das vendas, há grandes chances de o negócio operar no vermelho. Aceitar cartão de crédito, segundo os especialistas, também é fundamental. Isso porque 80% das compras feitas hoje na internet são pagas com o dinheiro de plástico. O resto das vendas ocorre via boleto (10%) e débito em conta corrente (10%). “Se você decide oferecer apenas o boleto como meio de pagamento, perde a compra por impulso. O cliente imprime o boleto e, no caminho da lotérica, desiste da compra e rasga o papel”, diz Rolim. Vitrine digital. Encarar o meio online como uma vitrine necessária para a venda de produtos pode não ser a correta opção comercial. “O e-commerce não precisa ser a conversão (venda efetiva do produto). Pode ser apenas um site que ajuda a vender os produtos”, diz o estrategista digital Gabriel Borges. O empreendedor Victor Skrabe, que participa da Campus Party, escolheu um nicho bastante específico e pouco explorado no País. Ele vende softwares com conteúdos relacionas à anatomia humana. “No começo, eu vendia um por semana. Agora, vendo cinco por dia”, conta. Ele começou a vender os programas há cerca de dois anos e diz que a operação já é lucrativa, apesar de o cliente ter de fazer vários cliques antes de achar os produtos à venda. O público do site, de acordo com Skrabe, é composto por professores, médicos e enfermeiros. Fonte: Estadão.com.br